quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Celinha

Celinha ia sacar dinheiro. Aproveitou a hora do almoço, porque quando o relógio dava cinco da tarde, só pensava em ir pra casa. Correr do trânsito que se formaria entre a Tijuca e o Méier às cinco e meia. Queria ir pra casa, encontrar seu filho e beber a cervejinha que lhe era de direito. Lembrava do pai, quando era mais nova. Ele bebia todo dia uma cervejinha. Às vezes até vinho ele bebia, nos dias mais frios. Sua mãe sempre reclamava e gritava e dizia que era um absurdo. Na época ela não entendia. Hoje ela sabe. O que faz com que ela tenha forças para, no dia seguinte, acordar e voltar à Tijuca para trabalhar das oito às cinco é o momento em que ela deita em sua cama, bebendo uma garrafa de cerveja, enquanto o filho faz sabe-lá-o-quê no quarto dele pelo computador. Há uns anos desistiu de controlar. O filho desde os treze acaba que sabe mais das coisas de computador do que ela. Ela era presa fácil nas garras da esperteza dele. Melhor é abrir a garrafa e beber e dormir quando fica sonolenta, daquele jeito que o corpo fica mole e a vista meio nublada. É o que faz ela suportar também esse verão. Sacou dinheiro para a cerveja e para as batatinhas Elma Chips que agora no almoço bateu o desejo de comer à noite. Dane-se que ia sujar seu lençol e enchê-lo de cheiro de cebola e salsa. Sábado colocaria tudo na máquina mesmo.


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